sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Democracia?


O futuro vai ser radiante com esta gente(muitos deles estão nas ruas das cidades americanas a vandalizar e a contestar uma eleição livre)diz o Francisco Viegas sem mencionar os motins pós eleição http://www.cmjornal.pt/opiniao/colunistas/francisco-jose-viegas/detalhe/20161110_2349_blog

Toda vez que você se encontrar do lado da maioria, é hora de parar e refletir.” 




Na passada terça-feira de manhã, ao ler as últimas estatísticas disponíveis, sabíamos que Trump tinha cerca de 35% de probabilidade de ganhar. Não era o acontecimento mais provável. Mas era um acontecimento algo possível. A onda de choque que o mundo viveu umas horas depois é diretamente proporcional à arrogância das elites progressistas. Não quiseram ou não conseguiram perceber o mundo que os rodeia. Andaram meses a diabolizar o adversário e a dizer que só os idiotas e os deploráveis votavam naquilo. Confundiram o desejo com a realidade. Viveram dos preconceitos. Afinal as mulheres votam Trump. Afinal os afroamericanos e os latinos não gostam assim tanto de Clinton. Afinal os brancos educados são fiéis ao Partido Republicano. Afinal, afinal. Presa no seu labirinto de superioridade moral ebig data, uma combinação curiosa, a candidatura de Hillary Clinton insistiu em viver numa bolha. Uma bolha que convenceu o resto do mundo porque o resto do mundo queria ser convencido. E agora estão chocados.

Perdeu Hillary Clinton. Mas há derrotas ainda mais duras. Comecemos pela própria comunicação social progressista. O NYT, a CNBC, a CNN, entre muitos. Não só apoiaram Clinton como era tradicional. Desta vez, estes meios de comunicação foram parte ativa da estratégia de campanha. Em nome de uma qualquer superioridade ética, entenderam que todos os meios justificam o fim (a eleição de Hillary Clinton). Os focus groups onde os apoiantes de Clinton eram sempre maioritários. As sondagens sobre os três debates onde os democratas tinham sempre 60% da amostra e Clinton ganhava tudo. Os painéis na CNN onde Clinton tinha três ou quatro pessoas, Trump duas como máximo. Os Republican for Clinton que não contam eleitoralmente, mas estavam nos plateaus televisivos (afinal os Trump Democrats foram a descoberta da noite eleitoral pois na comunicação social progressista nunca existiram). Com a ajuda de uma leitura enviesada das estatísticas e do big data que diziam conhecer, o NYT, a CNBC e a CNN, entre outros, criaram e alimentaram uma realidade paralela. A América está profundamente dividida como sempre esteve (os números finais apontam para um empate entre os dois grandes candidatos nos 48%), mas os meios de comunicação progressistas sonhavam com o landslide da sua candidata. Deu no que deu.
Nuno Garoupa  Professor na Texas A&M University (apoiante de Johnson,outro candidato presidencial)