sábado, 14 de julho de 2012

A Libertação do Homem


"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."

"O mundo ao contrário ensina-nos a suportar a realidade em vez de a mudar,a esquecer o passado em vez de o ouvir e a aceitar o futuro em vez de o imaginar".

                                                           Eduardo Galeano


"A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento."

Milan Kundera

"Karl Marx acreditava na libertação do Homem pela redistribuição dos meios de produção.Baseando-se em pormenores brilhantemente observados,analisou,junto com Engels a estrutura económica do capitalismo,o qual promove a ganância e a posse.Mas ele partiu do princípio de que a impotência é uma fraqueza que tem de ser superada pelo Homem,e declarou ser a conquista das coisas-também da natureza-o objectivo supremo do Homem.Com isso perpetuou tanto a ideologia do Eu orientado pelo poder como o mal social contra o qual quis lutar.Deu uma nova orientação às lutas pelo poder,mas não alterou as suas causas.E pior ainda: tratando as possibilidades humanas-também as morais-apenas sob critérios económicos e não admitindo qualquer outro tipo de abordagem,bloqueou o acesso ao conhecimento das verdadeiras raízes da avidez pelo poder.
No entanto,não se pode superar a impotência adquirindo e exercendo poder.Qualquer teoria que aspire a isso violenta o indivíduo e o seu desenvolvimento.Se bem que a teoria social da Esquerda pretenda saber explicar o Homem pelo curso da sua história,fá-lo em prejuízo do indivíduo,uma vez que analisa o poder apenas do ponto de vista do poder.Isto pode parecer uma tautologia,mas é este o ponto essencial,visto que considera o Homem determinado apenas pelo poder das forças económicas.
Onde a ideologia do poder vigora,o Eu é separado do seu cerne interior e,desse modo,também das raízes da sua experiência histórica-independentemente do seu colorido e da respectiva organização dos meios de produção.A destrutividade daí decorrente pode exprimir-se pelo conformismo ou pela rebelião.
O conformismo dá-se bem com qualquer ideologia.Encontra-se em qualquer sítio onde haja poder.Nem o conformista nem o rebelde estão inseridos na realidade de uma vida viva.Ambos pensam ser imortais.A sua mania das grandezas alimenta a ilusão de uma existência que se prolongue para além da História.Ambos pensam continuar vivos nos monumentos que construíram para si.Para o conformista são os monumentos,em pedra ou ferro,dos poderosos que ele serve ; para o o rebelde,as próprias «grandes» acções.
O conformista e o rebelde precisam ou do outro; precisam até da violência mútua porque ela confirma a imagem do inimigo.

Arno Gruen in Loucura da Normalidade (capitulo V)

3 comentários:

  1. Elucidativo sem duvida,além desse link no fim do post achei muito instrutivo o link http://bloglaurabotelho.blogspot.pt/2010/11/tese-antitese-e-sintese.html que tem no seu post sobre as sociedades secretas.

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  2. "Os baixos instintos do Homem,os ódios,as frustrações,os recalques,os rancores surdos,a vingança potencial,o remoer das inibições,tudo isso é canalizado para um oceano social de agitação permanente,a desaguar nos redemoínhos sargacentos da "luta de classes".Procura-se assim uma subversão constante das sociedades tradicionais,para as destruir por dentro,por forma a permitir o avanço expansionista(no contexto de 1976)da URSS."in Crónicas e Cartas de Manuel de Portugal (livro de 1976)
    "Começa todo o fanático por ser prisioneiro de uma ideia,da qual não se encontra plenamente convencido.Daí bloquear a sua mente num dogma hermético,que se recusa a discutir,no confronto da lógica,com outras ideias que lhe possam abalar a "fé" interior,que é forçado a manter para evitar uma total derrocada da sua formatada estrutura mental.O Socialismo Científico,a Dialética Marxista,e outras patacoadas de semelhante jaez,são apenas máscaras de uma feroz Ditadura,a do Social-fascismo.O Marxismo faliu completamente e só saudosistas intelectuais,não evoluídos,ainda o seguem.O próprio Sarte--que tanto o defendeu no passado--o renegou agora completamente." in Crónicas e Cartas de Manuel de Portugal

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  3. "A sociedade totalitária(colectivista)está fundada no passado,a sociedade indivídualista(que Rousseau esboçou)está fundada no presente.Nenhuma das duas assenta na dimensão fundamental do Homem:o futuro.Na totalidade orgânica da primeira o Homem é apenas um objecto;na selva da segunda o Homem é apenas um sujeito abstracto e egoísta.Ora,o Homem é (ou devia ser),em primeiro lugar,um projecto." Roger Garaudy in O Projecto Esperança (livro de 1976)

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