quarta-feira, 27 de junho de 2012



"Cuidado com a besta homem, pois ele é o peão do diabo. Sozinho entre os primatas de Deus, ele mata por desporto, prazer ou cobiça. Ele matará o seu irmão para ficar com a sua terra. Não o deixe procriar em grandes números pois ele transformará em deserto a sua terra. Enxote-o, faça-o voltar ao seu lugar na selva... pois ele é o mensageiro da morte."
29ª escritura, 6º verso da Lei do Planeta dos Macacos
(Planeta dos Macacos: O Homem que veio do futuro - 1968)

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Crise Global

Origem
Tudo começou em 2001, com o furo da "bolha da Internet". Para proteger os investidores, Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana, decidiu orientar os investimentos para o setor imobiliário.[11] Adotando uma política de taxas de juros muito baixas e de redução das despesas financeiras, induziu os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis, principalmente através da Fannie Mae e da Freddie Mac, que já vinham crescendo muito desde que diferentes governos e políticos dos Estados Unidos as usaram para financiar casas aos mais pobres. O governo garantia os investimentos feitos por essas duas empresas. Bancos de vários países do mundo, atraídos pelas garantias do governo, acabaram emprestando dinheiro a imobiliárias através da Fannie Mae e da Freddie Mac, que estavam autorizadas a captar empréstimos em qualquer lugar do mundo.
Foi assim criado o sistema das hipotecas subprimes, empréstimos hipotecários de alto risco e de taxa variável concedidos às famílias "frágeis", ou seja, para os clientes apelidados de "ninja" (um acrônimo para "sem renda, sem emprego e sem patrimônio"). Na realidade, eram financiamentos de casas, muitas vezes conjugados com a emissão de cartões de crédito, concedidos a famílias que os bancos sabiam de antemão não ter renda familiar suficiente para poder arcar com suas prestações.
Num passo seguinte, os bancos que criaram essas hipotecas criaram derivativos negociáveis no mercado financeiro, instrumentos sofisticados para securitizá-las, isto é, transformá-las em títulos livremente negociáveis - por elas lastreados - que passaram a ser vendidos para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de pensão pelo mundo afora. Por uma razão que se desconhece, as agências mundiais de crédito deram a chancela de AAA - a mais alta - a esses títulos.
Quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juros para tentar reduzir a inflação, desregulou-se a máquina; o preço dos imóveis caiu, tornando impossível seu refinanciamento para os clientes ninja, que se tornaram inadimplentes em massa, e esses títulos derivativos se tornaram impossíveis de ser negociados, a qualquer preço, o que desencadeou um efeito dominó, fazendo balançar o sistema bancário internacional, a partir de agosto de 2007.Depois de 2008 a história é conhecida.Mais no link a seguir

http://movv.org/2011/12/26/daniel-oliveira-as-coisas-estao-neste-estado-porque-fizeram-e-continuam-a-fazer-escolhas-politicas-criminosas-porque-os-governos-sao-estupidos-nao-porque-sao-politicamente-corruptos/

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Nova Ordem

Aparentemente estamos em uma era de enorme progresso e liberdade,graças à liderança dos EUA--mas na realidade passamos pelo periodo mais negro em toda a história da Civilização.Este livro sobre o conhecimento tem a finalidade de mostrar a verdade do que se passa actualmente--e uma das verdades mais tristes é a feroz perseguição que a Trilateral(denominada de Tríade) Do Mirante: A Comissão Trilateral empreendeu contra todos os intelectuais que lutam em prol da consciência humana.Tanto o autor deste trabalho como Cláudia de Souza pacheco foram atacados naquele país,presos e envenenados para que suas descobertas não fossem conhecidas;no dia 25.06.88 o sr Carl Brownholtz,comandando 5 agentes do FBI escreveu e assinou um falso depoimento,a mando do Governo Americano(em conluio com o Brasileiro),com a finalidade de impedir que Keppe,Pacheco e seus adeptos trouxessem estes conhecimentos de psicossociopatologia para aEuropa.Foi designado como promotor especial Thomas Roche,bem como Andrew Maloney(promotor do Eastern District),onde era o reduto do Tráfico de Drogas do Brasil para aquela nação.Não preciso dizer que o Presidente dos EUA era Ronald Wilson Reagan e o vice-presidente George Bush(ex-director da CIA),ás ordens dessa «seita» formada por milionários americanos,japoneses e europeus(Tríade ou Comissão Trilateral).Estou tentando mostrar que actualmente(1991) não existe mais possibilidade de diálogo com esses poderosos,que calaram toda a mídia(Visualizar),com a finalidade de dominar a Terra através dos seus negócios,que inclusive contam com o Tráfico de Drogas e Armas.O que estou querendo alertar para o leitor é que toda a humanidade corre o perigo de perecer nas mãos desse pessoal,que tem a intenção de estabelecer uma NOVA ORDEM MUNDIAL,onde teria pleno e total poder,por exemplo:1) de transacionar armas e drogas;2 de tráfico de orgãos humanos;3)de exterminar grupos enormes com a disseminação de doenças como a sida;4)e provocar guerras e poluição,para que finalmente sobreviva esse punhado de eleitos para reorganizar a Nova Ordem! Visualizar A Nova Ordem Mundial Mídia Sem Máscara A finalidade da Trilateral é o domínio de todos os governos através do poder económico : os Bancos Internacionais e as Multinacionais. A Democracia apregoada pela Trilateral não é a do governo do povo,pelo povo e para o povo,como falava Lincoln -- mas a possibilidade dos poderosos realizarem o que quiserem,sem dar qualquer satisfação ao povo. O povo enfraquecido económicamente terá que obedece-lo no que chamam de «democracia» -- onde só os trilateralistas poderiam realizar o que querem,e com toda a liberdade -- o que caracteriza qualquer ditadura. Estou mostrando a maior conspiração jamais realizada em toda a ´História da Humanidade -- e que denunciei em meu livro a Libertação do Povo (1986),bem como a Psicanálise da Sociedade (1976). A Trilateral contratou os «melhores» técnicos em cada campo,principalmente aqueles que são vezeiros na arte de prestidigitação,com a finalidade de chegar a um dominio absoluto e total sobre toda a humanidade -- e quase o conseguiu! A ultima tentativa da Trilateral é com essa Guerra com o Iraque. Só os seres profundamente corruptos é que querem, ou permitem, que esse psicótico chamado Bush (e seus asseclas) conduzam o mundo para este conflito. Pergunto eu: -- Onde está o papa?Onde se escondem os chefes de Estado mais dignos, e principalmente o que aconteceu com os povos, que mais uma vez estão sendo usados como bucha de canhão?!!!

Norberto Keppe (Autor da Trilogia Analítica) em A Libertação Pelo Conhecimento de 1991

http://novaordemglobal.blogspot.pt/2011/12/prova-de-uma-nova-ordem-mundial-em.html

http://novadesordemmundial.blogspot.pt/2004/09/pessoa-e-os-trezentos.html «--

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Delegação Global do Poder

"A delegação do poder é inevitavelmente global quando o sistema de eleição está fundado em circunscrições territoriais: o regime de "democracia representativa" foi instituído pela burguesia após um longo período de luta e de "duplo poder",o dos senhores feudais e o das comunas burguesas.
Este carácter global e aberrante não decorre  só de eleições com base territorial,mas também do facto de o sistema de "democracia representativa",sob a sua forma burguesa,ter sido segregada pela economia de mercado.
Como tal,o sistema parlamentar,nos seus começos,constituiu um grande progresso.
Mas esta forma parlamentar  de democracia representativa,saída do mercado e constituída à sua imagem quer para exercer a função de «Estado guarda-nocturno»(um Estado que garante a «regra de jogo» do mercado)apoiado pelo capitalismo liberal,quer para dar a sua ajuda,os seus estímulos e os seus previlégios aos grupos de pressão mais poderosos,apoia-se,como o mercado,numa concepção estatística do homem: o cidadão é uma abstração(hipocritamente,poêm-se entre parênteses o seu poder económico de pressão ou a sua impotência económica).
Formalmente,o milionário proprietário de uma «cadeia» de jornais só dispõe eleitoralmente de um voto,como o mais humilde dos cidadãos.Quer isto dizer que o seu poder político é igual?
De facto, a mentira estatística do "sufrágio universal" dissimula desigualdades flagrantes: desigualdades de participação na vida política devida à diferença dos níveis de cultura e à profissionalização das "carreiras políticas"; desigualdades devidas aos "grupos de pressão" tais como o do automóvel,da especulação imobiliária ou do armamento.
Reciprocamente,o carácter de classe do Estado,decorrente destas desigualdades,exprime-se pela política de impostos,favorecendo os mais afortunados em detrimento dos outros,por uma política social irrisória,pelo jogo das subvenções ou das reduções das taxas dos grandes senhores da terra,da industria ou do comércio,pelas descriminações sociais--não de direito,mas de facto--na distribuição da educação,pelos privilégios dos monopólios,pelas despesas em armamento em benefício de algumas grandes firmas privadas,pois as despesas militares fazem parte integrante de um regime dominado pelos monopólios e servem com frequência de regulador a curto prazo para evitar as crises e o desemprego.O exemplo americano das "guerras locais" para manter a conjuntura,como escrevia o Wall Street Journal no tempo da guerra da Coreia,é característico.
Nestas condições,o cidadão está atomizado,considerado formalmente como um "indivíduo",que não tem mais relação no plano eleitoral,com o seu vizinho territorial,que o comprador no mercado.
Os vendedores de política(os partidos) apresentam-lhe produtos fabricados(os programas) e utilizam na sua concorrência todas as formas do marketing e da publicidade.O sistema dos partidos políticos é um corolário da economia de mercado.A consequência fundamental mais nefasta deste sistema de "delegação de poder",é a alienação política do cidadão ao seu eleito ou ao seu partido.Jean-Jaques Rousseau  já notava no seu Contrato Social: "O povo inglês julga que é livre,mas engana-se cruelmente,pois só é livre durante as eleições dos membros do Parlamento; logo que são eleitos,é escravo,já não é nada."
Com efeito,o regime parlamentar,tal como funciona ainda hoje,não é senão o herdeiro do absolutismo real,na concepção da soberania: funda-se no postulado segundo o qual todo o poder se deve concentrar na cúpula.É lá que se enfrentam cegamente,de forma estatística,as forças em presença.Quem poderá,por isso,a menos que seja cego,considerar como um acaso da história o facto de todas as "democracias representativas" do mundo capitalista,fundadas numa concepção individualista,atomística e formal do homem estatístico,estarem hoje bloqueadas pelo equilíbrio absurdo da impotência?"

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Mito do Crescimento

Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão?
Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levaram a agência inglesa de notícias BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo fracassou.
Neste texto, Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey e autor do livro Prosperity without Growth – Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito), defende o abandono do mito do crescimento infinito:
Toda sociedade se aferra a um mito e vive por ele.O nosso mito é o do crescimento econômico.
Nas últimas cinco décadas, a busca pelo crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo.
A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.
Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para sua sobrevivência.
Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.
As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar.
“Os dias de gastar dinheiro que não temos
em coisas das quais não precisamos
para impressionar as pessoas com as quais
não nos importamos chegaram ao fim
Tim Jackson
O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico.
As empresas lutam para sobreviver. As pessoas perdem seus empregos e em certos casos suas casas.
A espiral da recessão é uma ameaça. Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários.
Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.
Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.
Crise e oportunidade
Mas a crise econômica nos apresenta uma oportunidade única para investir em mudanças. Para varrer as crenças de curto prazo que atormentaram a sociedade por décadas.
Para um compromisso, por exemplo, para uma reforma radical dos mercados de capitais disfuncionais.
A especulação sem controle em commodities e em derivativos financeiros trouxeram o mundo financeiro à beira do colapso há apenas três anos(http://pensamentosnomadas.wordpress.com/2012/01/23/ditadura-economica-2/ ) . Ela precisa ser substituída por um sentido financeiro mais longo e lento.
Consertar a economia é apenas parte da batalha. Também precisamos enfrentar a intrincada lógica do consumismo.
Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.
Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.
A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais.
Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Trabalho Não Liberta

"Quando vemos não já cem,não já mil homens,mas cem países,mil cidades e milhões de homens e mulheres submeterem-se ao trabalho,todos eles servos e escravos,mesmo os mais favorecidos,que nome é que isto merece?Covardia?"

La Boétie in Discurso Sobre A Servidão Voluntária

"Quem não trabalha,não come! Este princípio cínico continua em vigor,hoje mais do que nunca,precisamente porque está a tornar-se irremediavelmente obsoleto.Trata-se de um absurdo: a sociedade,nunca como agora,que o trabalho se tornou supérfluo,se apresentou tanto como uma sociedade organizada em torno do trabalho.Precisamente no momento em que está a morrer,o trabalho revela-se uma potência totalitária que não tolera nenhum outro deus junto de si.Dentro da vida psíquica,dentro dos poros do dia a dia,o trabalho determina o pensamento e os comportamentos.O grito paranóico dos que clamam por «emprego» justifica até que se aumente a destruição dos recursos naturais,com resultados há muito conhecidos.E a ideia de que é melhor ter um trabalho «qualquer» do que não ter nenhum trabalho tornou-se uma profissão de fé universalmente exigida.
Enquanto para uns o desemprego se deve a reivindicações exageradas,à falta de disponibilidade ou de flexibilidade,outros acusam os «seus» gestores e políticos de incompetência,de corrupção,de ganância ou de traição a determinadas regiões.Mas,ao fim e ao cabo,toda essa gente está de acordo com o ex-presidente da Alemanha,Roman Herzog: todos devem agarrar-se ao remo(trabalho)com força,mesmo que o remo tenha desaparecido há muito,e todos devem pôr mãos à obra,mesmo que já não haja nada para fazer(ou só coisas sem sentido).
E esta mesma lei,que dita o sacrifício do homem,vigora à escala mundial.Uns após outros,países inteiros vão sendo triturados pela engrenagem do totalitarismo económico,comprovando sempre o mesmo: pecaram contra as chamadas leis do mercado.Quem não se «adaptar» incondicionalmente e sem reservas ao curso cego da concorrência total será punido pela lógica da rentabilidade.Os que hoje são promissores serão a sucata económica de amanhã.Mas os psicoticos económicos dominantes nem por isso se deixam abalar minimamente na sua bizarra explicação do mundo.Depois do desastre dos «países em vias de desenvolvimento»,do Sul,e depois dessa seção da sociedade mundial do trabalho que era o capitalismo de Estado,no Leste,são os alunos exemplares da economia de mercado do sudeste Asiático que caiem no inferno das falências.E também na Europa alastra há muito o pânico social.Mas os políticos(de todas as tendências)e os gestores continuam a sua cruzada em nome do ídolo trabalho."

in O Manifesto Contra O Trabalho

http://www.krisis.org/navi/portugues

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os Primatas Em Evolução


"O que luta com monstros deve certificar-se que ele mesmo não se torna um monstro. E quando contemplas durante muito tempo um abismo o abismo também te contempla de volta."Friedrich Nietzsche, "Além do Bem e Mal" - Aforismo 156 (1886)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Quarta Guerra Mundial

Enquanto a terceira guerra mundial viu enfrentarem-se o capitalismo e o socialismo,em diferentes campos e com variáveis graus de intensidade,a quarta guerra trava-se entre grandes centros financeiros em teatros de batalha mundiais e com uma formidável e constante intensidade.

Uma das suas primeiras vítimas é o mercado nacional,como uma bala disparada numa sala blindada,a guerra desencadeada pelo neoliberalismo ricocheteia e acaba por ferir o atirador.Uma das bases fundamentais do poder do Estado capitalista moderno,o mercado nacional,é liquidada pelo canhoneiro da economia financeira global.O novo capitalismo internacional torna caducos os capitalismos nacionais e enfraquece até à inanição os seus poderes públicos.O golpe foi tão brutal que os Estados nacionais não têm força para defender os interesses dos cidadãos.

Uma das mentiras neoliberais consiste em dizer que o crescimento económico das empresas produz uma melhor repartição da riqueza e do emprego.É falso.Tal como o aumento do poder de um rei não tem como efeito um aumento do poder dos seus súbditos(está mais para o seu inverso),também o absolutismo do capital financeiro não melhora a repartição das riquezas,nem cria trabalho.Pobreza,desemprego e precariedade são as suas consequências estruturais.

Nos anos 60 e 70,o número de pobres(definidos pelo Banco Mundial como aqueles que dispôem de menos de 1 dólar por dia)ascendia a cerca de 200 milhões.No inicio dos anos 90,o seu número era de 2 milmilhões.

No cabaré da globalização,o Estado faz strip-tease e,no fim,só fica com o mínimo indispensável: a sua força de repressão.Uma vez destruida a sua base material,anuladas a sua soberania e a sua independência,dissolvida a sua classe política,o Estado-nação torna-se um simples aparelho de segurança ao serviço das mega-empresas.Em vez de orientar o investimento público para a despesa social,prefere melhorar os equipamentos que lhe permitem controlar mais eficazmente a sociedade.

O pesadelo da emigração,qualquer que seja a causa,continua a crescer.A política de migrações do neoliberalismo tem mais como fim desestabilizar o mercado mundial do trabalho do que travar a imigração.A quarta guerra mundial-- com os seus mecanismo de destruição/despovoamento,reconstrução/reorganização-- acarreta a deslocação de milhões de pessoas.O seu destino é errar,com o seu pesadelo ás costas,a fim de serem uma ameaça para os trabalhadores que dispõem de um emprego,um espantalho capaz de fazer esquecer o patrão e um pretexto para o racismo.




Os mercados financeiros não querem saber da cor política dos dirigentes dos países.Aos olhos da megapolítica,as políticas nacionais são conduzidas por anões que se devem vergar aos ditames do gigante financeiro.E sempre assim será...até que os anões se revoltem.
In a Quarta Guerram Mundial Já Começou

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A Sociedade Invisível

"O pior inimigo da crítica é a própria crítica,quando mal realizada e concebida com pouco sentido crítico.Opor-se por princípio à opinião dominante e agir sempre e sem excepção contra o estabelecido pressupõe dar excessivo valor à opinião dominante e ao estabelecido,prestar-lhes uma involuntária homenagem que provavelmente não merecem.Equivale a claudicar perante o seu império,a instalar um automatismo.Na origem de muitos estereótipos contestários não há mais que a falta de reflexão e de diferenciação.Isto empobrece a crítica porque diminui a capacidade de aprender.Pode estar aqui uma das explicações da tremenda penúria com que a crítica é formulada na sociedade actual e da escassa rivalidade oposta aos poderosos.O sistema aprende melhor que os seus críticos.
Os sistemas tornam-se imunes à crítica assumindo-a.Para o poder,nada há melhor para neutralizar uma rebelião que pôr-se ao seu lado.Quem hoje se manifestar contra alguém tem de contar que os destinatários do protesto se declarem solidários com ele.Poderíamos afirmar que o poder de um sistema está completo quando consegue introduzir a negação do sistema no próprio sistema.A nossa sociedade deve a sua flexibilidade aos críticos,que já nada pôem em perigo.Os meios de comunicação cuidam do desvio e alimentam a inquietação da sociedade,isto é: a sua disposição para o conformismo.Deste modo,quando a subversão é a corrente dominante,o mainstream,podemos encontrar revolucionários a nadar no sentido da corrente,pessoas que falam nos meios de comunicação contra os meios de comunicação,rotinas apresentadas como rupturas com a tradição e protestos que apenas satisfazem o gozo da indignação.O underground foi introduzido no mainstream.A economia é encenada eticamente;o marketing alia-se à subcultura;a crítica social é subvencionada por instituições que deviam tremer perante a crítica...Todos estes fenómenos têm a mesma estrutura: a negação do sistema está introduzida no próprio sistema,que deste modo se tornou inatacável."

Daniel Innerarity in A sociedade Invisível (Cap 2- Um Olhar Crítico à Sociedade Contemporânea)

terça-feira, 12 de junho de 2012

A Loucura da Normalidade


"No primeiro capítulo, faço uma reflexão sobre o que quer dizer responsabilidade e confronto-a com o que normalmente é considerado a sua medida: o dever e a obediencia(processo que começa na infância quando as crianças são levadas a adaptar-se ao mundo conforme visto pelos olhos dos adultos).A partir daí, chego a uma definição de loucura que diverge da preconizada pela Psicologia e Psiquiatria oficiais.A perspectiva desta última limita-se a apreciar o comportamento humano apenas com base no respectivo relacionamento com a realidade o que óbviamente, tem a sua razão de ser.Só que impede, assim, a aproximação a uma patologia menos evidente e mais perigosa, de cujo método próprio a dissimulação faz parte: a loucura que se encobre a si própria e se mascara de saúde mental.Essa não tem dificuldade em ocultar-se num mundo em que o engano e o ardil são comportamentos adequados à realidade.
Ao mesmo tempo que os que já não aguentam a perda dos valores humanos no mundo real são considerados "loucos", atesta-se a normalidade àqueles que se separaram das suas raízes humanas.E é a esses que confiamos o poder, permitindo que decidam sobre as nossas vidas e o nosso futuro.Pensamos que eles têm a atitude certa perante a realidade e sabem lidar com ela; mas o "relacionamento com a realidade" de uma pessoa não é o único critério para determinar a sua doença ou saúde mental.Também temos de ver até que ponto sentimentos humanos como o desespero,percepções humanas como a empatia,ou emoções humanas como o entusiasmo,são possíveis ou eliminados."
"A destruição é a expressão imediata da loucura daqueles que se dedicam única e exclusivamente à «realidade».Fachadas ideológicas costumam encobrir estas ligações.A loucura dos «realistas» consiste em negar tudo que é humano sob a capa da preocupação com a humanidade.Eles sabem dotar-se de um rosto humano,mas(tal como todos os psicopatas)não têm sentimentos a condizer.O seu interior é um pandemónio de rancor e instintos assassinos; em vez de um Eu vivo sentem apenas vazio.Para fugirem a esse vazio e ao caos interior têm de destruir a vida à sua volta.Só assim é que se sentem vivos.
O sucesso dos «realistas» não se baseia apenas na sua arte de se fazerem imprescindíveis como líderes,mas igualmente na índole da obediência daqueles que precisam de líderes desse tipo para poderem renunciar ao seu Eu.A necessidade de se acomodarem faz que todo o seu ser se oriente pelo cumprimento das regras.Agarram-se à letra das leis e dos regulamentos e assim destroem a realidade do nosso mundo sentimental.Desta maneira,não têm de dar pelos seus próprios impulsos destrutivos.Frequentemente encontram o seu lugar na burocracia,onde podem terraplanar sentimentos em nome da lei e da ordem e,ao fazê-lo,sentir a razão toda do seu lado.
Esses conformistas são a infantaria dos «líderes natos» psicopatas e estão a ajudá-los a levar o mundo para o precipício.Só esta colaboração torna a situação tão perigosa."

Arno Gruen,psicanalista,in A Loucura da Normalidade

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Nova Inquisição

Contra o positivismo que pára diante do fenómeno dizendo que "há somente factos",eu diria que são precisamente os factos que não existem; existem somente interpretações.

Nietzsche in Além do Bem e do Mal


http://pt.scribd.com/doc/56764496/A-Nova-Inquisicao-Robert-Anton-Wilson



Sinopse
Esta é uma obra polémica, que sintetiza a Instituição Científica e o Materialismo Fundamentalista. O autor aborda a psicologia dos primatas e a mecânica quântica; o cepticismo e a fé cega; o Teorema de Bell; o conceito Pó; o cérebro humano e como utilizá-lo, entre outros temas.
A Nova Inquisição de Robert Anton Wilson

O seguinte é parte do capítulo Agnosticismo Criativo(no link acima)

"De acordo com Colin Wilson,se a maior parte da história humana se resume à história do crime,isso é devido ao facto de os humanos possuírem a habilidade de fugir da realidade existencial para se abrigarem na construção peculiar que eles chamam de o Universo ´´real`` o qual tenho denominado hipnose.Qualquer Universo ´´real`` platónico é um modelo,uma abstração,que nos parece confortável quando não sabemos como agir em relação à confusão da realidade existencial ou da experiência ordinária.Nessa hipnose,que é aprendida com outros,tornando-se auto-induzida,o Universo ´´real`` subjuga-nos,e grande parte da experiência existêncial e sensorial é facilmente ignorada,esquecida ou reprimida.Quanto mais estamos hipnotizados pelo Universo ´´real`` mais editamos,bloqueamos ou turvamos grande parte da experiência existêncial em nome da conformidade com ele.
Hipnotizados pelo Universo ´´real`` tornamo-nos mais e mais alheios em relação ao continuum existencial e ficamos irritados quando ele interfere em nossas percepções.
Os Universos ´´reais`` nos tornam insignificantes porque eles são governados pelas leis rígidas e todos nós somos pequenos quando comparados a elas.Isso é especialmente verdade sobre o Universo ´´real`` materialista fundamentalista,e explica o desamparo e a apatia da sociedade materialista.De maneira vaga sabemos que estamos hipnotizados e nem tentamos agir,mas apenas re-agimos mecanicamente.
No modelo de consciência existencialista-humanista,por outro lado,´´somos`` relativistas ao considerarmos todos os modelos(sociais,económicos,religiosos etc),´´sofisticados`` e activamente criativos.Buscamos conscientemente editar menos e compreender mais,e procuramos por eventos que não se encaixam em nossos modelos,posto que eles nos auxiliarão a fabricar melhores modelos no futuro.Não somos dominados pelo Universo ´´real``,já que nos lembramos que a construção linguistica é apenas a nossa última aposta e podemos fabricar uma ainda melhor de forma bastante rápida.
No primeiro modelo materialista da consciência,conforme afirma Timothy Leary,somos como indivíduos sentados passivamente em frente a uma televisão,reclamando do lixo que aparece no ecrâ,mas incapazes de fazer algo,senão ´´suportar``.No segundo modelo existencialista da consciência,para continuar com a metáfora de Leary,assumimos responsabilidade por mudar de canal e descobrir que não há apenas um ´´programa`` disponível,que uma escolha é possível.O compreensível não é toda a existência,é somente o compreensível.
Novamente,parece que o modelo materialista de consciência mecânica cobre parte,mas não toda a experiência e ele exclui,precisamente,aquela parte da experiência que nos torna seres humanos,estéticos,morais e responsáveis.Alguém pode suspeitar de que esse é o motivo pelo qual a era materialista tornou-se progressivamente desumana,feia,amoral e cegamente irresponsável.Alguém pode suspeitar de que esse também é o motivo pelo qual a fortaleza,a secção economicamente arraigada dos novos fundamentalistas que serve e é alimentada pela Campanha Militar do Estado,progressivamente retira a maior parte do poder cerebral dos cientistas vivos no mundo para a única tarefa,como Bucky Fuller disse,de entregar mais e mais poder explosivo cada vez mais distante em períodos de tempo cada vez menores,para matar mais e mais pessoas.Há razões económicas e neurológicas pelas quais o Dr Reich e o Dr Leary foram para a prisão,enquanto o Dr Teller,pai da bomba de hidrogenio,é uma autoridade reconhecida no Universo ´´real``,um homem rico,honrado e reverenciado em toda a fortaleza.
Para o humanista-existencialista,o Universo ´´real`` não está nos forçando a nos comportarmos colectivamente de um determinado modo.Na experiência existencial,estamos apenas a fazer apostas,mas tornamo-nos hipnotizados por nossos modelos(sociais,ideológicos,dogmáticos etc) e estamos caminhando em direcção ao Armagedon pensando que o Universo ´´real`` nos impede de pararmos e tentarmos um jogo melhor.
O Universo ´´real`` em que essa loucura aparece como sanidade é nossa criação colectiva."